"e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." (Jo 8:32)

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

UMA ORTODOXIA GENEROSA, de Brian McLaren - Resenha por Jiane Souza

Introdução


Depois de quase vomitar lendo tantas lamentações, eis que dou início a uma análise crítica do livro “Uma Ortodoxia Generosa”, do Sr Brian McLaren; ao meu ver uma pessoa cansada de seu terninho e seus sapatinhos apertados, que resolveu “abraçar” várias religiões, achando que todas estão certas por crerem em Deus, cada uma a sua moda, é claro, montando um grande “frankenstein” ortodoxo, esquecendo apenas de que algumas pessoas ainda vivem o Evangelho de Jesus, como Ele mesmo determina nas escrituras.


O Título


Enquanto lia cada página não parava de me perguntar: por que a ortodoxia tem que ser generosa? Por que essa preocupação tão pavorosa com as pessoas que tem medo de serem crentes? Talvez porque a roupa comportada demais não seja confortável, ou talvez porque os hinos são muito lentos. O nosso irmão Brian precisa entender (se já não entendeu) que a igreja não deve adequar-se à modernidade mundana para salvar pessoas. Jesus salva, a igreja não. O evangelismo é apenas para divulgar as boas novas; a pessoa se rende à cruz se quiser; se achar que vale a pena sair da vida medíocre que vive sem Cristo. A generosidade do título já explica o que vamos encontrar no conteúdo do livro.


A Introdução


Nosso irmão Brian inicia sua “obra literária” com certo cinismo, como se o presente leitor fosse um inquisitor prestes a colher provas para incriminar o autor. Reconheço que a tática de criar curiosidade em relação ao conteúdo funcionou, mas logo depois veio a decepção, com os primeiros trechos.




Parte 1: Por que sou um cristão?


Para provar que não sou credenciada como inquisitora, vou defender (ao menos tentar) nosso irmão Brian, fazendo alguns apontamentos.
Ele inicia a primeira parte perdendo e encontrando sua fé em Cristo várias vezes, demonstrando sua inconstância cristã; se bem que tudo começou na sua infância e, ao longo da vida, foi construindo e moldando seu caráter, sendo este fator de grande relevância em nossa abordagem.
Logo começa a discorrer dos sete Jesus que conheceu, conforme segue:
Capítulo 1


O Jesus Protestante Conservador


Chorei de rir quando li o trecho em que “Satanás leva Jesus”, como se esse tivesse poder para tal. Concordo com a idéia de que Jesus abre a porta, não apenas do céu, mas à verdadeira comunhão e o verdadeiro relacionamento com Deus, independente de quem você seja ou tenha. Porém, não basta aceitar o presente, existem regras a se cumprir, aliás, o mínimo que podemos fazer, uma vez que a salvação é gratuita.


O Jesus Pentecostal / Carismático


Em relação a esse Jesus, pude concordar com o autor com mais facilidade pois, realmente pentecostais são taxativos, principalmente se o cristão não tem o dom de línguas.


O Jesus Católico / Romano


O Jesus católico / romano deixou a desejar. Salvação pelas obras está meio fora de moda. As boas obras são apenas frutos colhidos de nossa nova vida com Jesus, não irão nos salvar.


O Jesus Ortodoxo Oriental


Esse Jesus é um coitado: nunca ressuscitou e ainda por cima anda dizendo por aí que não existe inferno, pelo que entendi da explanação de nosso irmão Brian.


O Jesus Protestante Liberal


A turma que segue esse Jesus deixa a impressão de que vivem na ilha da fantasia; pensam que a vida do NOSSO Jesus, contada nos Evangelhos, não passa de historinhas para contar aos seus filhinhos, enquanto preparam-se para dormir. Até acreditam que os milagres podem acontecer, mas permanecem como estão, sem prática.


O Jesus Anabatista


Esse Jesus eu achei interessante e coerente. Se o nosso irmão Brian tivesse permanecido com ele, talvez nem tivesse escrito esse livro. Apenas discordo da crítica a nossa organização “burocrática”.


O Jesus dos Oprimidos


O Jesus dos oprimidos esqueceu-se daqueles que não são oprimidos, apenas perdidos do caminho da salvação. Pessoas da alta sociedade, felizes, bem sucedidas também precisam render-se aos pés da cruz. Todos precisam, mas nem todos querem pagar o preço de serem “comportadinhos”.


E no final da exposição de tantos tipos de Jesus...


Eis que no final desse primeiro capítulo vem a pergunta que não quer calar: “E se desfrutássemos de todas elas do modo como desfrutamos dos alimentos de diferentes culturas?”
Neste momento, tive vontade de fechar o livro e encostá-lo na estante. Mas ainda tive forças para formular uma breve resposta. Esta deixei anotada na página 78 do referido exemplar que adquiri:
A Palavra de Deus é clara e objetiva. “Alimentos” culturais diferentes são perigosos a nossa digestão, pois podem estar envenenados com heresias, como várias que acabei de ler. Interpretar o Evangelho pela metade é cômodo e conveniente, ao nosso próprio favor. Não basta comer a carne, precisamos roer os ossos também.


Capítulo 2


Nosso caro irmão Brian aborda no segundo capítulo a idéia de dois tipos de Deus; vamos a mais uma heresia.
Pelo que entendi, o Deus A que ele coloca é tirano, dominador, mal, coercitivo, quase um militar. Já o Deus B seria angelical, amoroso, deixando o cidadão fazer apenas o que quer. Espero que um dia nosso irmão Brian possa ler minha resenha e me amar, ao mesmo tempo:
Não existe Deus A ou B. Deus é Deus. Não é tirano e não podemos tirar Sua soberania. É um Deus de amor e conforto e que pode repreender-nos, se necessário, como os pais fazem com seus filhos, pois é isso que somos: FILHOS.


Capítulos 3 e 4


Nesses capítulos percebo um certo tom de desabafo, face à experiência de nosso irmão Brian de vida cristã.
Realmente pude concordar com ele em diversos aspectos, pois ao meu ver a igreja de Jesus perdeu o foco das escrituras. Diversas vezes ouço ensinamentos do tipo “ o Apóstolo Paulo diz em sua Carta aos...” Poucas vezes ouço alguém dizer “Jesus disse”. Em alguns momentos dá-se a impressão de que Paulo foi o crucificado. Será que os ensinamentos do Messias estão caindo de moda? Meu Deus!
Outro ponto interessante foi a questão da salvação, onde Brian aponta não somente a salvação em si, mas o novo molde do cristão; Deus perdoando, amando, ensinando, “quebrando”, etc.
Por outro lado, tive que discordar da questão da salvação do mundo inteiro, pois entendo que a salvação é para aqueles que realmente querem ser salvos, e isto não soa como egoísmo, conforme opina nosso irmão.


Capítulos 5 a 20


Nesses capítulos o autor expõe comportamentos de cada segmento religioso, apoiando e opondo-se. Começa pelo porquê de ser missional, depois evangelical, pós protestante, liberal / conservador, místico / poético, até bíblico, carismático / contemplativo, fundamentalista / calvinista, (ana)batista / anglicano, metodista, católico, verde (meu Deus), encarnacional e depois passa a olhar para dentro de si.
Então, a partir do capítulo 18, nosso velho amigo e irmão Brian volta aos seus delírios. Não queria, mas preciso fazer uma citação; é mais forte que eu.
“Mas a “religião cristã”, em minha visão, não é o alvo final de Jesus, nem o de Deus. O alvo de Jesus é o reino de Deus, que é o sonho de Deus, o desejo, o anseio e a esperança de Deus para a criação – como as esperanças e sonhos dos pais para seu filho amado”. (grifo meu)
Agora sim, a vontade de fechar o livro está ardendo em meu peito. É inadmissível que um cristão que conhece a Palavra de Deus de “capa a capa” possa dizer que Deus tem algum tipo de ESPERANÇA! Ele apagou de sua memória a onipotência e onisciência de nosso Criador. Os termos sonho, desejo, anseio até pude tentar compreender, mas a palavra esperança subtraiu-me qualquer esperança de dar crédito a este senhor.




Conclusão


Os que admiram seu trabalho que me perdoem, mas essa ortodoxia generosa proposta precisa, no mínimo de base bíblica, o que não tem.
No decorrer da leitura pude sentir rancor, mágoa, problemas mal resolvidos por parte do autor. Antes tivesse ele ficado com as histórias bíblicas dos flanelógrafos da escola dominical; acho que seria mais feliz em suas abordagens.
Buscar outros segmentos não resolve. Achar que o problema está com os outros, também não. O segredo para viver o Evangelho de Jesus, entendo eu, é olhar para a cruz, ter intimidade com o Senhor Jesus, amar incondicionalmente e orar pela vida dos que ainda não enxergaram o caminho da salvação, mesmo que estes estejam dentro das igrejas.